sábado, 20 de junho de 2009

RAROS





RAROS

para Cátia Cilene,
a minha Loba da Estepe


O homem se chamava Henri Chinaski. Não, não era bem isso. Era Arturo Bandini. Harry Haller, o nome da mulher. Ela tinha um apelido: Loba da Estepe. Arturo Bandini e Loba da Estepe não se conheciam e nem se imaginavam, viviam cada qual, no seu distinto cotidiano.

Bandini sempre quis ser escritor, ralou muito para fazer uma faculdade. Trabalhou como ascensorista, porteiro de hotel e garçom, até o momento de formar-se em Letras e ser professor. Ser professor não estava nos seus planos.Teve dificuldades para sobreviver na loucura da cidade grande. Faculdade particular e dívidas com o governo e quartos de pensão. Quartos quase escuros, mas que não o impediam de fazer suas leituras e anotações. Sempre acompanhado de livros, os cds e cachaças.

A Loba da Estepe, uma mulher dada a aventuras radicais, sempre que podia voava de paraglider no Morro Ferrabraz. Mas não é só de aventuras que vivia a Loba da Estepe. A Loba, uma mulher cheia de vitalidade, batahou muito para se formar em Jornalismo. Antes, durante e depois de formada, já trabalhava na sua área com muita determinação. E além disso, a Loba da Estepe tinha senso de autoridade e organização: Coordenava um grupo de comunicação.

Arturo Bandini tinha livros, cds, bebidas baratas e vontade de conhecer alguém muito especial. Loba da Estepe não era diferente. Também curtia livros, cinema, festas. E desejava conhecer um homem singular.

A Loba da Estepe sente que não pode mais viver as suas mil almas. Resolve se desintegrar de tantas personalidades. Ela gosta mas parece ser perigoso. Bandini não consegue escrever mais nada, seu quarto é um amontoado de papéis amassados e seu sonho já não o alimenta mais.

Aborrecidos em suas tocas ou casas monótonas, decidem sair.

É noite. Noite de 10 de Janeiro de Tal Ano. Bandini e Loba da Estepe não sabem, mas vão se encontrar no bar SÓ PARA LOUCOS, mais precisamente, no reservado SÓ PARA RAROS.

No bar SÓ PARA LOUCOS, um jazz de fundo. Bandini toma tão calmamente cada partícula de sua cerveja, como se ali existisse um mundo diferente. E faz alguns rabiscos em um bloco de anotações. Loba da Estepe está na outra mesa, bebendo vinho, tão solitária, estranha, compenetrada em si mesma. Nenhum dos dois sabe da existência do outro. A Loba da Estepe pega Bukowski da bolsa para ler. E bebe mais vinho. Bandini é tão romântico a ponto de pensar que poderia agora estar com uma bela mulher e por ela se apaixonar. Naquele lugar, SÓ PARA LOUCOS, Bandini pede ao garçom uma dose dupla de uísque.

Arturo Bandini se cansa daquele bar, deseja sair dali o mais rápido possível. Acontece o mesmo com a Loba da Estepe. Pela primeira vez ela interrompe a leitura. Depois de pagar a conta, somando os trocados e as moedas, Bandini se dirige à saída do bar SÓ PARA LOUCOS. A Loba da Estepe já está quase na porta. Há mais pessoas querendo sair. Um Arlequim e dois seguranças (espécie de armários dos grandes) com seus ternos escuros estão na porta do bar.

Bandini e Loba da Estepe são barrados na saída do SÓ PARA LOUCOS pelo Arlequim e seus seguranças. Arlequim tão ágil, trapalhão, brinca e logo depois explica que os dois devem ir ao reservado SÓ PARA RAROS.

Os dois não têm escolha. Ninguém conseguirá passar pelos seguranças (armários dos grandes). Arlequim os conduz, então, ao reservado.

Penumbra... Aquele reservado parecia uma boate. Uma boate dentro de um sonho. Com mesas e cadeiras, luzes coloridas e fumaça de gelo seco. Vários luminosos nas paredes. Uma bela voz de radialista pronuncia as seguintes palavras:

“HOJE, 10 DE JANEIRO DE TAL ANO, OS RAROS SE ENCONTRAM.”

Arturo Bandini e Loba da Estepe riram. Só pode ser piada, pensou a Loba.

As luzes foram se acendendo aos poucos até ficar completamente claro. Já não havia mais aquelas mesas, cadeiras, luzes coloridas, luminosos. Era uma sala gigantesca, dividida em partes que chama a atenção de quem gosta de cultura, arte, literatura, gastronomia. Só podia ser um sonho, pensou Bandini.

Agora o reservado SÓ PARA RAROS era uma imensa sala cultural. Levaria horas para percorrer a sala toda. Bandini estava na parte dos pintores famosos, diante das obras de Salvador Dali. Um banner com a foto do artista espanhol com seus peculiares e insolentes bigodes abria a mostra. A Loba da Estepe já se direcionava para a parte de literatura hispânica, que lhe chamou a atenção naquela imensa sala cultural.

SÓ PARA RAROS contêm de tudo que os amantes da cultura podem imaginar. Arturo Bandini e Loba da Estepe, dois privilegiados por desfrutarem daquele lugar. Na parte de literatura de SÓ PARA RAROS, estava a Loba da Estepe. Deslumbrada e com os olhos fixos nos livros. Eram muitos. Ela escolhera Hermann Hesse, Fante, Borges, Benedetti, Cortázar, Hemingway, Drummond., Nietzsche...

Arturo Bandini se aproxima dos livros. Distraído, não nota a presença da Loba da Estepe. Percorre a estante e escolhe Hesse, Fante, Bukowski, Hemingway, Benedetti, Cortázar, Rubem Fonseca...

Ao pegar o último livro da estante, e ao virar-se para o lado, Bandini esbarra na Loba. Observa sua beleza. Começa pelos pequenos olhos negros e a linda boca abrindo-se num sorriso. Mas além daqueles olhos e daquela boca, há algo que o chamou mais a atenção. A Loba da Estepe observa Bandini e vê nos seus olhos castanhos escuros e na sua barba rala, um charme que a agrada. Mas não é só isso que a provocou.

Arturo Bandini e Loba da Estepe olham-se profundamente e vem aquela voz de radialista que os fez rir:

“HOJE, 10 DE JANEIRO DE TAL ANO, OS RAROS SE ENCONTRAM...”

Só agora os dois entendem tudo. SÓ PARA RAROS. E era mesmo 10 de janeiro. O ano não importa.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Como todo empieza

Parte 1

para Cátia Cylene


Los dos encuentranse en un bar de la Ciudad Baja. Intercambios de saludos, sonrisas y besos en las mejillas. Después se van a la mesa del bar y sientan uno delante de otro.


Cuando viene el mozo y deja la botija de cerveza y las copas en la mesa, él sirve las copas y los dos saludan por conocerse, por la literatura y por el cine. Son las cosas que ellos gustan mucho.


Él mira los lindos ojos oscuros de ella. La sonrisa de ella abrese como las alas de mariposas azules que él lo vio muchas y muchas veces cuando era pequeño, donde vivió, en la región del noroeste del RS. Ahora él tiene recuerdos de eso. Y él no tiene duda, ella es una mujer linda, ¡re linda!

Más algunas copas de cerveza, y los dos cambian miradas penetrantes. Pero las miradas de ella algunas veces son discretas. Ella es una mujer reservada, hasta cierto punto. Difícil de creer, pero él a veces es muy tímido. Ahora, por ejemplo, él traga de pronto toda la cerveza de su copa, y sirve nuevamente, y pide más cerveza al mozo.

Ella lo mira y pregunta con aquella sonrisa muy rara que sólo ella tiene:

“¿Conoces Benedetti?”


Conozco algunos textos de ello”, él dijo con algun temor. En la verdad él conoce poca cosa de Benedetti.

Ella más una vez con aquella sonrisa:

“¿Puedo hablar algunos versos de Benedetti?”

“Si, claro”, él repondió pegando en su mano.

Aquella linda boca, como alas de mariposas azules, empiezó con los versos:

“De vez en cuando la alegría/ tira piedritas contra mi ventana/ quiere avisarme que está ahí esperando...”

Ella queda por un rato y mira él. Ella sonríe, empieza a mover los lábios com graciosidad y continua el recital:

“...Voy a guardar la angustia en un escondite/ y luego a tenderme cara al techo...”

Él interrompe...

“...Está bien, me doy por persuadido/ que la alegría no tire más piedritas...”

Y los dos juntos de forma uníssona:

“...Abriré la ventana/ abriré la ventana.”

Los dos ríen... Los dos conocen Piedritas en la ventana. Una maravilla que el escritor uruguayo he escrito... Sólo puede tener hecho para ellos.

Los ojos de ellos encuentranse. Ella empieza a inclinarse su cuerpo y él también hace lo mismo con su cuerpo, y los dos besan el beso más caliente y interminable de la noche de los bares de la Ciudad Baja. Ahora los dos van se poniendo como antes del beso.

“¡Bravo, bravo!, gusté mucho”, él dijo.

“¿De Benedetti o de mi beso?”, ella pregunta.

“!De los dos, claro!”, él dijo.

“A mi me gusta mucho la poesia de Benedetti. Pero también las novelas y cuentos de ello.”

“La poesía de Benedetti és muy linda, y queda más linda con tu voz encantadora. Ahora yo gustaria de decir algo. No una poesía, pero un pedacito de un cuento. Escuchame...”

Un cronopio pequeñito buscaba la llave de la puerta de calle en la mesa de luz, la mesa de luz en el dormitorio, el dormitorio en la casa, la casa en la calle. Aquí se detenía el cronopio, pues para salir a la calle precisaba la llave de la puerta”.

“¡Cortázar!, ella habla. “Las historias de cronopios y famas, las conozco. ¡Muy bien, muy bien!”

Él toma un golito de cerveza y pregunta se ella ya leyó otras obras de Cortázar. Ella le dijo que conoce algunos cuentos y algunas poesías de Cortázar.

“¿Conoces Rayuela?”, él pregunta.

“No”, ella dijo.

“¿Quiere de empréstimo?, yo lo tengo”, él dije con una dedicación muy pura.

“Si, o mejor, no: ¿Vamos a leyer juntos la Rayuela?”, ella propone.

Durante un rato los dos estuvieron callados. Ellos miran de pronto la calle, las personas corriendo de la lluvia que cae muy despacito. Ellos miranse sorreindo. Él propone de los dos irense al apartamento que hecha ubicado en el cientro, donde él habita. Ella está de acordo.

Después de pagar la cuenta, él pide un taxi. Ella no quiere irse de táxi, pero a pie. A ella le gusta mucho camiñar en la lluvia. Entonces los dos van a pie y abajo de una lluvia muy fina que cae suavemente...