Não é uma tarde como todas as tardes. É uma tarde insólita, uma tarde de visita para quem nunca recebe visitas. Ceder não faz parte de minha vontade, mas aceito falar com o homem que me espera, e já começo a pressentir que não sou mais o mesmo. Pego a jaqueta de lã, o gorro e os óculos escuros, dou uma rápida olhada para meus pertences espalhados pelo quarto, e vou ao encontro daquele que tanto me aguarda.
(des) cuentos (in) completos
CONTOS DE ARI MENEGHINI©
domingo, 10 de junho de 2012
Não é uma tarde como todas as tardes
Não é uma tarde como todas as tardes. É uma tarde insólita, uma tarde de visita para quem nunca recebe visitas. Ceder não faz parte de minha vontade, mas aceito falar com o homem que me espera, e já começo a pressentir que não sou mais o mesmo. Pego a jaqueta de lã, o gorro e os óculos escuros, dou uma rápida olhada para meus pertences espalhados pelo quarto, e vou ao encontro daquele que tanto me aguarda.
quinta-feira, 22 de março de 2012
Fue una larga noche
La noche es muy larga y alucinante. Solo en su cuarto, mirando la oscuridad, Arthur siente la falta y la distancia de Hellen. Su cuerpo no está junto a ella. Sin embargo, el perfume y el calor se disemina por la habitación.
Sí. La noche es larga. Arthur no tiene los hermosos y sedosos cabellos de su bella al deslizamiento de sus manos . No tiene los abrazos y los besos.
La noche es fría y camina en despacio, y Arthur ya no es Arthur, pero Ulises. O Odiseo. Y ahora Hellen – que duerme un sueño profundo en otra habitación – es Penélope, una representación de la fidelidad conyugal.
La noche es lento, pausado y lánguido. Arthur palpa la pared al encuentro del conmutador. No hay ninguna luz eléctrica. Todavía sigue palpando hasta llegar a la ventana. Abre la ventana y mira la luna brillante. “¡ Yo me gusta mucho besar Hellen a la luz de la Luna!”, dijo él a la luna. Pero ella no está allí. Y él siente un temblor en su cuerpo.
“¿ Por qué estoy tan solo?”
No tiene ninguna respuesta. La Luna ya no tiene más gracia. Escucha los aullidos del lobo, y recuerda la Loba de la Estepa, la propria Hellen. “¿No debería estarse en su casa, durmiendo?” Cuando dejó el hospital, los médicos advirtieron mucho reposo. “¿ La Loba se está vagando por la noche?”
La noche ha sido muy lento. Y las horas también . Esas horas de expectación son similares a los diez años de Ulises, lejos de Penélope.
Arthur no tiene otra opción. Cierra la ventana y se va a la cama. Él no duerme. La cama es frío. Él se revuelve en la cama sin Hellen. Vuelve y revuelve, en la larga noche.
El sonido de radiodespertador es alto e intenso, así como la emoción del amanecer es intensa. Ahora Arthur he feliz porque la noche se fue, y ahora puede encontrarse con su amor.
Arthur sale de la cama, se va al baño, y vuelve rápidamente al cuarto, viste su ropa y se va al encuentro de Hellen, repitiendo innúmeras veces: “¡ Fue una larga noche!...”
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Como tudo começa
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Triste chão de um mundo tão desigual
Adriano observa com ar sorumbático o seu tesouro, espalhado na mesa. Os olhos percorrem, um a um, os troféus. Descontente, se despede de todos e sai. Sabe que falta algo para completar a sua coleção. E sabe que só retornará ao barraco com mais uma preciosidade.
domingo, 20 de novembro de 2011
Um pai para chamar de pai
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Quanto vale a vida?
Mesmo com escolta armada, acompanhando aquela perigosa viagem, Zé Carlos está com um pressentimento ruim. O interminável frio na barriga, a boca seca, o formigamento nas pernas e o coração querendo sair pela boca. Medo. Medo de não sei o quê. O medo se apoderando de Zé Carlos.
A viatura que puxa o comboio faz sinal que vai encostar junto ao meio-fio e pede que os outros veículos que estão atrás, façam o mesmo. Zé Carlos fala no rádio transmissor com João Antunes, dizendo-lhe que tem alguma coisa de errado com a escolta. O colega e amigo responde que fique tranquilo e encoste também. Todos encostam junto ao meio-fio e ligam o sinal de alerta em seus automóveis e caminhões.
Os seguranças da escolta descem de suas viaturas, imediatamente retiram os adesivos de identificação e rapidamente instruem os caminhoneiros de que a escolta agora ficará atrás, a uma certa distância, disfarçada entre os veículos que trafegam a BR 050.
Os caminhoneiros e a escolta armada e disfarçada seguem viagem. Zé Carlos não se conforma com os rumos do comboio. O medo continua, mas a sensação é outra. Ele pensa na esposa, nos filhos, no cachorro, no gato, nas despesas da casa, na faculdade da filha, no cabeleireiro que sua mulher frequenta uma vez por semana - no salão de beleza mais caro do shopping center, nos cursinhos de preparação para o exame da OAB, que o filho faz há seis anos, e nunca passa. Mãos e rosto suando frio. Zé Carlos lembra de quando adquiriu sua carreta Scania, foram tempos de economia, anos de trabalho árduo e horas- extras. Sempre quis dar o melhor para a família. Agora sente um desprezo pelas futilidades que sustenta com o suor do seu trabalho e o perigo das estradas, um desprezo por si mesmo. Aperta com força a direção do caminhão com as mãos molhadas. Pisa com força no acelerador. Pensa em dar um jeito na própria vida. Na vida da cada ingrato da família. Pisa mais no acelerador. Parece estar sonhando. E no sonho vê um automóvel preto com vidros escuros que se aproxima da janela do caminhão. O vidro da janela desce e os homens do automóvel preto apontam-lhe fuzis. E ele pisa fundo, muito fundo no acelerador. Sente que vai ser o fim. Mas no mesmo instante a escolta armada (disfarçada) surge atirando ferozmente com suas escopetas e fuzis contra o automóvel preto, que capota na pista.
Zé Carlos reduz a velocidade até parar. Treme ao assistir o tiroteio. E vê pelo espelho retrovisor o automóvel preto metralhado e com as rodas para cima. A escolta aproxima-se para averiguar se há sobreviventes. Os seguranças descem das viaturas. Os bandidos, gravemente feridos, gemem de dor. É o fim, o fim dos bandidos . Um dos seguranças tira do cinturão uma pistola e descarrega a munição nos homens, corre para a viatura e faz sinal para seguirem viagem.
Agora que o comboio se forma como um comboio de verdade, Zé Carlos pensa com menos medo e mais decisão... Meu Deus, quanto vale a vida? Isso ele não sabe, mas tem a certeza de que esta é sua última viagem.
sábado, 20 de agosto de 2011
O retorno
Anoitece. A paisagem é triste.
Dois giros com a chave na fechadura, a mão toca o trinco enferrujado e o portão range. Os passos acompanham as batidas do coração e o frio na barriga. A porta de madeira, depois de anos fechada, fica escancarada.
Estático, no corredor da casa, tenta ouvir diálogos de outrora. Nada. A ausência de ruídos é total e profunda. Bate palmas, força uma tosse, um pigarro. Precisa quebrar aquele silêncio aniquilador. Olha em volta e vê na meia-luz – que a porta aberta proporciona, através dos postes de luz das ruas – os móveis intactos, exatamente como nos tempos em que ali vivia.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Diante do espelho
Vejo um homem cheio de agonia e dor. O espelho imita o sofrimento do homem como a arte imita
a vida.
Nascimentos, casamentos, óbitos...
Documentos em folhas de papel e um filme com cenas de tudo o que viveu até agora.
E o famoso túnel com a luminosidade ao fundo...
Fecho os olhos por um tempo e os abro para acreditar que no espelho há um sorriso e uma boca que diz: "trocaram o prontuário médico..."
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Na cidade grande
Homem e mulher são os protagonistas. O espaço é a cidade grande. Os dois têm o passado em comum e tudo para colocar a perder. Ideias e atitudes estúpidas.
18h00. Ele sai do trabalho furioso, não era aquilo que ele queria. Nunca pensou em trabalhar naquele ramo. Muito incômodo, e além disso, não compensa. Muitas despesas. Antes de pegar o carro, compra umas cervejas em lata no supermercado, ao lado da firma.
Bebe três latas antes de ir ao estacionamento. Entra no carro e liga o som. Abre outra cerveja. A música o faz lembrar de quando morava no interior e se reunia na garagem de casa para ensaiar com a banda. Toma os últimos goles, baixa o som e dá partida no automóvel.
Dirige sem pressa na avenida movimentada. Parece estar mais calmo. Porém relaxa por pouco tempo. A música da faixa seguinte do cd o faz vibrar. Tem mais recordações: os agitos, as loucuras com os camaradas, quando subia o morro – dois anos atrás - para buscar o pó. Para na sinaleira. Decide mudar o itinerário.
***
17h35. Ela acorda, coloca uma música no microsistem no volume máximo e vai ao banheiro tomar uma ducha. Enquanto lava-se bem, fecha os olhos e lembra de quando morava no interior e odiava morar lá. Odiava a família. Recorda que um dia dissera a mãe que saíria daquela bosta de cidadezinha, que seria uma modelo famosa e ganharia muito dinheiro. Termina o banho, seca o corpo e, daqueles pensamentos surge uma ponta de melancolia.
Caminha pelo apartamento. Remexe gavetas à procura dos papelotes. Vai aos armários, ao guarda-roupa. Nada. Abre a bolsa e a vira na cama. Nada. Um leve desespero. Corre para estante e pega a garrafa de uísque e enborca direto num longo gole. Volta às gavetas e encontra três papelotes. Abre-os avidamente e faz grossas carreiras sobre tampo de vidro da mesa.
Fissurada. Veste a calcinha. Uma carreira. A minissaia. Outra carreira. Tamanha fissura que, entre uma e outra carreira do pó, veste-se para o trabalho.
Avenida movimentada. O táxi para no semáforo. A mulher está agitada, parece um rádio. Pede ao taxista para mudar o itinerário.
***
Não era aquilo que queria para a sua vida, pensa o homem quando muda de ideia, já estava no beco, próximo à boca do Julião, para pegar a droga.
Dentro do táxi a mulher está eufórica, enlouquecida por mais e mais doses de prazer, esquecera dos clientes da casa noturna. Os clientes que bancam o apartamento, as roupas da moda e a cocaína.
Tudo a perder. Tudo. Não tem mais volta. Nem arrependimentos. Taratatatatá. O tiroteio começa no morro. Taratatatatá. Como os fogos de artifício na virada do ano.
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Olhares perros
Debaixo de um sol escaldante, sinto o bafo quente do asfalto no rosto e uma dor de cabeça dos diabos. Os sapatos apertados. Buzinas intermináveis acionadas por gente neurótica.
Tomo coragem e, ao mesmo tempo em que aciono a campainha, a porta se abre e de dentro do apartamento surge um cão de raça e feroz...
domingo, 30 de maio de 2010
Shakespeare, tragédias, amores
Econtrei Bianca imóvel na cama. Estava com os olhos estáticos, direcionados a um ponto fixo na parede. Não falava nem se mexia. Parecia estátua. Virgem pálida.
Sentei na beirada da cama e os meus pensamentos e levaram ao passado.
Foi no intervalo da faculdade. Eu estava indo à biblioteca, pensando nos livros que precisava pesquisar.
Distraído, esbarro numa notável menina.
Peço desculpas.
Olho com atenção para a vítima desse incidente. Vejo que está está calma e sorri para mim. Parece uma menina de uns quinze anos. Saia azul-marinho, blusa branca, meias três-quartos.
Torno a me desculpar.
Ela diz que tudo bem, que às vezes estamos no mundo da lua.
Risos.
Nossos olhares se encontram.
Perco-me nos seus olhos azuis.
Ela se apresenta como se estivesse respondendo a uma entrevista:
- Bianca, 19 anos, signo de leão, faço artes cênicas.
- Dalton, 29 anos, dublê de poeta, empresário e estudante de direito, falei, entrando na brincadeira.
Fui arrebatado pela beleza de Bianca. Atingido pela seta de Cupido. Penetrou na alma. Feriu. Infeccionou. Fiquei doente. Pela primeira vez me apaixonei de verdade.
Nunca mais consegui esquecer a bela Bianca. Todos os momentos que passamos juntos. No teatro, os ensaios nos quais eu ficava impaciente e com um torturante ciúme quando ela representava cenas íntimas.
A primeira vez que nos beijamos. Foram beijos de sugar a vida.
Nossos longos passeios pelos cinemas e barzinhos. Nossos piqueniques românticos. Jantes à luz de velas. As cartas de amor que ela me escrevia. Os poemas que eu fazia para ela.
Amei Bianca intensamente. Tanto que não percebi horas, dias, meses, anos, décadas que se passaram. Amor intenso...
Agora Bianca estava ali, linda como sempre. Sem mover um só músculo, naquela cama. O nosso ninho de amor.
Minha adorável Bianca! Não diz uma única palavra. Sem mover o maravilhoso sorriso nos lábios.
Está gélida, tesa, inerte.
Com minhas mãos trêmulas, pego Bianca nos braços.
Fale comigo, meu amor!
Shakespeare. Tragédias. Amores.
Somos tão jovens para dizer adeus...
Shakespeare. Tragédias. Amores.
Shakespeare martelando minha cabeça. Abandone-me solidão, quero meu amor de volta. Shakespeare. Tragédias. Amores.
Mil imagens em minha mente e a cabeça latejando sem parar.
Shakespeare. Tragédias. Amores.
Saio do quarto e em poucos minutos retorno com o revólver na mão.
Shakespeare. Tragédias. Amores.
Vou encontrar meu amor...
Despenco dilacerado. Começa a ficar escuro...
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Tatuajes en mi cuerpo
Los recuerdos de nuestra historia no es sencilla, pero notable. Yo sé que leerbesarleer es nuestro lema. Mientras, tenemos siempre el antes y después. Yo me gusta lo que está entre el antes y después.
Recuerdo la primera vez cuando llegaste, eres un ángel caído del cielo. No necesitábamos de “ese es Júlio” y “esa es Maga”, supimos todo. Nadie dijeron. Saber sin saber, con sonrisas y miradas.
Nuestro encuentro en la noche. Un baño rápido y un táxi na esquina. Llegué antes, y tu venías con sonrisa muy lindo y una impresionante mirada. Abrazos, cumprimentos y besos en la mejilla. Y cervezas y miradas penetrantes. Y diálogos a respeto de autores y obras y peliculas. Y imaginaciones.
Una lluvia tranquila en el fin de la noche. Y una calle mojada y besos mojados fuertes y salvages. Saliva y lluvia.Tu bello vestido negro mojado. Besos y carícias. Y tu siempre linda.
En apartamiento viño, carícias y Chico Buarque. Recuerdo que habías mordido mi cuerpo dejando señal como tatuaje, y lluego hicimos el amor en el sofá de la sala.
Tu venias siempre con los dientes, haciendo más tatuajes en mi cuerpo. Estabas muy salvage.
Ahora estoy sólo y aguardo que vuelves del trabajo para decir que te
quiero.