segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Como tudo começa


para Cátia Cylene

Todos aqueles dias foram intensos e maravilhosos como nunca. Lembro muito bem quando nossas férias terminaram. Eu saí tão apressado da sua casa, dei-lhe um beijo e um abraço bem forte e voei para a rodoviária. Levaria 50 minutos até Porto Alegre. Nesse tempo fiquei lembrando de toda a semana que passamos juntos. Tudo que fizemos e com a maior intensidade.
Dias e noites. Já não sabíamos que dia era e nem se estava escuro ou claro lá fora. Ficamos ilhados dentro de casa. Tínhamos estoque de comida, o suficiente para suportar uns 10 dias. Bons livros e bons vinhos. E desejo um pelo outro.
No nosso ler-beijar-ler, começamos com Rayuela. Cortázar nos encantou desde o começo com Maga e Horácio. Um argentino e uma uruguaia, que vivem um romance em Paris, a cidade dos eternos namorados. Muito jazz, bebida, filosofia, literatura. O Clube da Serpente.
Sentados no sofá verde. Livro, vinho argentino e duas taças.
Oh, Maga! Cada mulher parecida com você provocava como que o silêncio ensurdecedor...”, eu li.
“Para com isso, leia”, ela reclamou sorrindo.
“Estou lendo! É isso mesmo que está escrito”, repliquei.
Pausa.
Beijo.
“Está bem, vamos, continue”, ela disse.
Continuei a leitura. Entre uma taça e outra de vinho, vez em quando um breve comentário e o beijo.
Tu est ma Maga”, eu falei.
Et toi mon Horacio”, ela me disse.
Rimos. Nos abraçamos e nos beijamos intensamente.
Pausa maior.
Eu não disse, mas pensei em dizer j'aime ta mince silhouette, que é a mais linda de todas que já vi.
La dispute du désir et de l'affection. Ah mon amour, je te veux, veux
Ela sorriu para mim, me abraçou com ternura e tirou o livro de minhas mãos. Nos beijamos loucamente e fizemos amor ali, no tapete, em frente ao sofá verde.


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