sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Ele sentia a vida pulsar em várias direções

"o caminho do crime o atrai
como a tentação de um doce
Era tido como um rapaz,
foi quem foi..."
(Rubro Zorro - Ira)



Mil novecentos e setenta e seis. Nasce no verão quente de janeiro um grande experimentador da vida: Ederózio. Fez de tudo. Teve muitas mulheres. Porém manteve um relacionamento conturbado com uma manicure chamada Nice.

Ederózio e Nice viveram por muitos anos entre o amor e o ódio. Amavam-se intensamente, porém as brigas rotineiras, os escândalos que perturbavam a vizinhança, fez com que ele colocasse um ponto final no relacionamento.

Ele sentia a vida pulsar em várias direções. Não queria parar. O negócio dele era o seguinte, viver o dia como se fosse o último, mesmo que com consequências drásticas.

Num dia como qualquer outro, Ederózio briga com o pai – único parente vivo – por ressentimentos que guardara consigo desde a infância. Depois de colocarem os podres para fora, o velho tem um ataque fulminante e morre.

Já estava de saco cheio mesmo. Resolveu esquecer de vez os problemas familiares, o amor louco que tivera por Nice, e viver a vida do seu jeito.

Desempregado, sem dinheiro para pagar o aluguel do apartamento, e sem gasolina no Opala Diplomata. Em contrapartida, Zé Carlos e sua Garagem Gigante, facilitaram a vida de Ederózio.

De noite, era o gato pardo, que fazia e acontecia. De dia, virava uma espécie de vampiro no banco de trás do Opala Diplomata. Assim era a vida de Ederózio, até que sua vida pulsou pra valer...

Wolverine e os X-Men, Incrível Hulck, o mascarado Fantasma, O Cobrador, o Velho Safado e todos os seus sonhos, todas suas histórias e leituras e filmes reviravam-se em seus pensamentos agora.

Com dinheiro no bolso, e mais no porta-malas e o tanque do Opala Diplomata cheio, o coração a mil, Ederózio pisava fundo. Cento e dez, cento e vinte, cento e trinta, cento e cinquenta, cento e oitenta, ele sentia a vida pulsar em várias direções. Mas agora ali dentro do Opala só tinha uma direção, o túnel escuro. E ele pisava tudo que dava e num instante fechava os olhos e deixava-se seguir. Desse o que desse.

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