segunda-feira, 5 de julho de 2010

Na cidade grande



Homem e mulher são os protagonistas. O espaço é a cidade grande. Os dois têm o passado em comum e tudo para colocar a perder. Ideias e atitudes estúpidas.



18h00. Ele sai do trabalho furioso, não era aquilo que ele queria. Nunca pensou em trabalhar naquele ramo. Muito incômodo, e além disso, não compensa. Muitas despesas. Antes de pegar o carro, compra umas cervejas em lata no supermercado, ao lado da firma.


Bebe três latas antes de ir ao estacionamento. Entra no carro e liga o som. Abre outra cerveja. A música o faz lembrar de quando morava no interior e se reunia na garagem de casa para ensaiar com a banda. Toma os últimos goles, baixa o som e dá partida no automóvel.


Dirige sem pressa na avenida movimentada. Parece estar mais calmo. Porém relaxa por pouco tempo. A música da faixa seguinte do cd o faz vibrar. Tem mais recordações: os agitos, as loucuras com os camaradas, quando subia o morro – dois anos atrás - para buscar o pó. Para na sinaleira. Decide mudar o itinerário.


***


17h35. Ela acorda, coloca uma música no microsistem no volume máximo e vai ao banheiro tomar uma ducha. Enquanto lava-se bem, fecha os olhos e lembra de quando morava no interior e odiava morar lá. Odiava a família. Recorda que um dia dissera a mãe que saíria daquela bosta de cidadezinha, que seria uma modelo famosa e ganharia muito dinheiro. Termina o banho, seca o corpo e, daqueles pensamentos surge uma ponta de melancolia.


Caminha pelo apartamento. Remexe gavetas à procura dos papelotes. Vai aos armários, ao guarda-roupa. Nada. Abre a bolsa e a vira na cama. Nada. Um leve desespero. Corre para estante e pega a garrafa de uísque e enborca direto num longo gole. Volta às gavetas e encontra três papelotes. Abre-os avidamente e faz grossas carreiras sobre tampo de vidro da mesa.


Fissurada. Veste a calcinha. Uma carreira. A minissaia. Outra carreira. Tamanha fissura que, entre uma e outra carreira do pó, veste-se para o trabalho.


Avenida movimentada. O táxi para no semáforo. A mulher está agitada, parece um rádio. Pede ao taxista para mudar o itinerário.


***


Não era aquilo que queria para a sua vida, pensa o homem quando muda de ideia, já estava no beco, próximo à boca do Julião, para pegar a droga.


Dentro do táxi a mulher está eufórica, enlouquecida por mais e mais doses de prazer, esquecera dos clientes da casa noturna. Os clientes que bancam o apartamento, as roupas da moda e a cocaína.


Tudo a perder. Tudo. Não tem mais volta. Nem arrependimentos. Taratatatatá. O tiroteio começa no morro. Taratatatatá. Como os fogos de artifício na virada do ano.



Um comentário:

  1. fogos de articio..... é para gente dar um fim na história hehhehe gostei!
    ou pela fotinho tu mataste a mulher????
    quem sabe?
    uheuheuehuheuhe
    muito bom,
    abraços!

    ResponderExcluir